MEU PRIMEIRO ATROPELO
No meu primeiro atropelo (a gente nunca esquece) maiomeno em 1976/77, eu tinha saído da escola de engenharia 5 horas da tarde, no meu Passat branco, todo baixinho, cheio de tala-larga, descarga Kadron, roda Cruz de Malta (era o proprio carro de preiboi da época) e vinha a uns oitenta/noventa descendo a ladeira logo depois do Campo Santo.
Não estava nem muito mais rápido nem muito mais devagar que o transito nas imediações, embora não houvesse carros próximos do meu. Pois bem, eu vinha na pista da direita e no fim da ladeira, logo após o viaduto, entre a descida da Graça e a ladeira da Centenário, com o canto do olho eu ví uma trouxa de roupa branca no passeio do lado esquerdo (era uma lavadeira com a trouxa de roupa na cabeça, mas na hora eu só ví a trouxa) e a trouxa começou a atravessar a rua.
Friamente, analisei todas as possibilidades e calmamente, adotei a atitude mais adequada àquela situação emergencial: olhão arregalado, cabelo em pé, lábios cor branco-susto, coração na boca, respiração suspensa, pedra de gelo 20x20cm na barriga, mão na buzina e pé no freio, (lancei todas as âncoras, só faltou engrenar a ré), com os pneus cantando, desviando o mais que eu pude para a direita, me aproximando perigosamente do meio-fio e do passeio que estava com algumas pessoas.
Agora vejam a burrice da criatura: Primeiramente ela poderia ter escolhido qualquer momento para atravessar a rua, ou seja: bem antes de eu passar, ou depois que eu passasse. Mas não, escolheu o momento exato que eu estava passando. Segundamente: ao ver que eu vinha passando - eu sei que ela me viu logo no início da sua travessia por que eu tava fazendo a maior zuada com os pneus e a buzina - ela teve oportunidade de parar em qualquer lugar da rua, pois a rua tinha mais ou menos 10m de largura, meu carro só tinha 1,60m de largura, mas ainda assim a mulher desperdiçou 84% de chances de parar antes do choque (1-(1,60/10))x100) e continuou na sua carreira inabalável, interminável, indesviável, inexorável e, porque não dize-lo, imbecil, até ser atingida pelo meio do capô do carro.
Parecia aqueles problemas de cinemática que a gente aprendia nas aulas de fisica: tomemos um corpo P (de Passat) com uma velocidade V1>=80km/h em movimento retilineo uniforme e um segundo corpo L (de lavadeira) com uma velocidade V2= 4,5km/h cuja direção e sentido é perpendicular ao movimento do primeiro corpo, e então calcule.... Calcular o que, professor??? O susto que a lavadeira tomou!!!!
Bom voltando ao que interessa. Após a porrada, a mulher caiu a uns bons 4 metros de distância, a rua ficou coberta de lençois brancos, juntou um monte de gente (pega, lincha, mata, gritando pra mim), mas, para minha enorme felicidade, a mulher era algo corpulenta e possuía uma, como direi, abundância de air-bags (fleisch-bag? meat-bag? buttock-bag?) na sua parte traseira, o que amorteceu bastante o choque.
Catei todas as roupas da trouxa da criatura, botei ela no carro com a intenção de leva-la pro pronto-socorro. No caminho, vi que ela num tava tão mortal assim e mudei de idéia, resolvendo ir minha casa, no Campo Grande, edif. Vitória Regia. Ao subir o elevador, a mulher suspendeu o vestido pra me mostrar o calombo que tinha nas enxundias. A esta altura do campeonato eu não sabia se ria ou se chorava, pois a mulher usava uma carçolona vermelha amarrada de cordão, que começava debaixo dos peitões caídos (que ela mostrou sem nenhum pudor) e terminava quase no joelho. Depois ela abaixou a dita carçola vermelha até o cofrinho, mostrando mais detalhes da sua anatomia que deveriam continuar escondidos, só pra mostrar a extensão dos danos na sua carroceria. Lá dentro do elevador, sem espaço nenhum pra uma retirada estratégica, fiquei preocupado de como ficaria minha reputação caso o elevador parasse em outro andar e alguem me flagrasse com uma velha gorda semi-nua dentro do elevador. Abre parenteses (dispenso comentários e risinhos cínicos sobre esse fato). Corre porai um boato que eu me atraquei com a velha no elevador, mas posso jurar que é mentira. Afinal das contas, eu não achei meu orgão predileto no lixo. Além do mais, eu estava no auge dos meus 17 anos e com certeza tinha coisa muito melhor pra comer a noite.
Lá em casa, minha mãe fez uma massagem de gelol na criatura e então eu ví que ela só tava assustada, dei um dinheiro a ela e ela foi embora.
Um amigo me disse: se você viesse mais devagar, isso não teria acontecido. Pois eu acho o contrário. Eu reconheço que vinha um pouco rápido, mas mesmo assim ela decidiu passar na frente do carro que vinha em velocidade, ao invés de ficar onde estava. Já que ela estava decidida a atravessar na frente de um carro, porque escolheu o que vinha mais veloz?? Porque ela não atravessou na frente do carro que estava mais devagar, mas justamente resolveu atravessar na frente do que vinha mais correndo?? Se eu viesse a duzentos quilometros, ainda assim ela passaria pela frente do míssil mortal. Além disto, como eu já disse, o trânsito no local estava mais ou menos nesta velocidade e por isso eu não poderia vir mais devagar do que eu estava.
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
VIAJANDO PRA JEQUIÉ
Eu estava acompanhando uma obra em Jequié e toda semana eu viajava pra lá.
Numa das vezes, tinha chovido e a estrada estava escorregadia e lamacenta, por causa da água misturada com a poeira acumulada. No retão do Paraguassú, existe um trecho com mais de 8 quilometros em linha reta,começando com uma descida de uns 3 km, depois um trecho plano de mais uns 2 km, uma subida de uns 3km e no fim uma lombada. A visibilidade seria total, se não fosse os respingos levantados pelas rodas dos caminhões na estrada, que me obrigavam de vez em quando a ligar o lavador do parabrisas.
Não vinha carro nenhum de lá pra cá e resolví ultrapassar uma carreta que estava na minha frente. Ao sair para a contra-mão, logo no começo da descida de 3 km, reparei que na minha frente, no retão, tinha mais de 15 carretas uma na frente da outra. Reparei também que lá no fim da reta, a cerca de 8 km à frente, havia um caminhão também na contra-mão, ultrapassando outros mais lerdos.
Este caminhão estava tão longe que eu só via um quadradinho contra o ceu.
Já que a contra-mão estava livre e com a segurança que não vinha carro de lá porque o caminhão continuava na contramão lá no fim da pista, resolví ultrapassar o maior numero de carretas possível. Fiquei então na pista da esquerda, passando uma, duas, três, cinco, oito carretas em sucessão. Quando olhava para a frente, via que o caminhão ainda estava na contra-mão indo pra lá só que mais perto de mim. Atribuí a isto o fato de eu estar mais rápido que ele e continuei ultrapassando as carretas. O vidro toda hora sujava de lama e eu acionava o limpador, só que na primeira passada, fazia aquela borrada.
Assim eu ia pela contramão a 110, olhava pra frente, olhava pro lado esquerdo admirando a paisagem, olhava pro lado direito admirando a carreta que eu ultrapassava, olhava pro céu pra ver se vinha mais chuva.
De repente, quando olhei pra frente, me dei conta que o caminhão que antes estava lá lonjão, agora estava PERTÃO e NÃO estava ultrapassando os outros, mas sim estava vindo em minha direção e eu na contra-mão e eu fiquei ali perdidão (e outra palavra terminada em ão que começa com fu), sem nenhum espaço para encostar entre as carretas do meu lado. Eu estava a uns 100m dele e nossa distancia estava diminuindo rapidamente. Nessa hora eu quase escutei a voz do espirito dizendo - É Zé, parece que não vai dar (tô presumindo que voces conhecem a piada, se não conhecem depois eu conto).
Freei o mais que pude, mas o carro começou a derrapar, o caminhão acionou a buzina a ar – foeéééééééém – vocês conhecem o som, é o som que precede a morte. Só deu tempo de eu entoar aquele mantra indiano que dá sorte - BUDAGUEBARIL!!!.
Parece que o mantra funcionou, pois o motorista da carreta que eu estava ultrapassando jogou o bruto para o acostamento do lado dele. Mesmo com ela no acostamento, o espaço que sobrou não era muito e assim nos encontramos, o caminhão que vinha de lá, sem se desviar um milimetro, eu trafegando sobre a faixa central da sinalização e o retrovisor direito praticamente encostado na lateral da carreta e ela com duas rodas no acostamento.
Passei arrancando tinta do caminhão que vinha de lá, ainda fiz um sinal de agradecimento ao caminhoneiro da direita, afinal ele tinha salvo minha vida, mas só então descobri que eram 2 caminhões que vinham de lá, ainda faltava administrar o outro caminhão. Numa manobra mais que imprudente, conseguí me encaixar no espaço diminuto que havia entre as duas carretas e fiquei imprensado entre os parachoques dos monstros, enquanto que o segundo caminhão passava. Olhava pra frente, via um trilho listado de amarelo e preto (o parachoque traseiro da carreta da frente), olhava pelo retrovisor via escrito SCANIA quase dentro do meu carro, rapaz, que sufoco!
Alguém me perguntou:
- Como você não reparou que os caminhões estavam vindo? Tava dormindo?
Simplesmente não reparei. Deve se levar em conta que eu tinha uma ligeira deficiencia ocular que me fazia usar grau 10 aliado a um pequeno astigmatismo que não ajudava em nada. Da primeira vez eu os ví, achei que eles estavam indo e não vindo. Assim com esta idéia na mente, continuei na contra-mão até quando tomei consciencia que eles vinham na minha direção.
A morte passou por perto dessa vez.
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
O CACHORRO CARDIACO
Eu tinha um amigo que veraneava na Ilha de Itaparica. Sempre quando ele estava no veraneio, todas as manhãs ia correr na praia acompanhado do seu cachorro, um pastor alemão. Aqueles dois seres nas extremidades da corrente, o homem e seu cão, eram figuras super conhecidas de todos.
Um dia, meu amigo apareceu correndo na praia sem o cachorro. Imediatamente foi interpelado por um nativo:
- Cadê o cachorro, rapaz, morreu?
- Pois é, o bicho estava deitado lá em casa, quando de repente se levantou, se tremeu todo e caiu morto.
- Ele deve ter tido um enfarte, falou o nativo.
- Enfarte? admirou-se meu amigo. Não creio. O cachorro não tinha nenhuma preocupação!!!
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
AS MENINAS
Dois colegas meus de trabalho, viajando a serviço, pernoitaram em um hotel em São Paulo. À noite, procurando o que fazer, o porteiro do Hotel sugeriu uma companhia feminina. Eles concordaram e o porteiro trouxe um book com fotos das meninas para eles escolherem. Eles olharam e reolharam e finalmente cada um escolheu uma, comunicando ao porteiro qual haviam escolhido.
10:00 hs da noite bateram na porta do quarto e um deles foi atender. Ao abrir a porta, uma surpresa: ao invés das garotas bonitas e gostosonas que eles tinham escolhido, apareceram duas mulheres já meio passadas e derrubadas. O cara então falou:
- Peraí, as garotas que tavam na foto eram muito mais jovens e mais em cima que vocês. Tem alguma coisa errada!! Uma das moças (moça, hein?) respondeu:
- Tem nada de errado. Aquela da foto era eu a 20 anos atrás!
putz...
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
CANA DURA
Eu tenho um amigo que quando faz farra, ele extrapola. O cara toma todas e mais a saideira. Só volta pra casa no bagaço, completamente encharcado.
Uma noite, depois de uma grande farra, ele tava voltando pra casa de carro com um amigo, os dois completamente trêbados, quando de repente ele falou pro amigo:
- Pô, cara, dê uma paradinha aí que eu tô me mijando!! O amigo então, puxou o freio de mão e disse:
- Vamo devagar, ô cara, que quem tá dirigindo é você!!!
putz...
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)