TRAMBIQUES
Lá em Jequié existe uma figura que é um trambiqueiro de marca maior (o que é um caso raro na cidade) e tinha um posto de gasolina.
Ele começou com uma borracharia, mas na época em que era proibido abastecer nos fins de semana, ele vendia gasolina roubada dos caminhões tanques pelo dobro do preço e com isto conseguiu montar o posto de gasolina.
Para roubar a gasolina, ele arrumou uma máquina de lacrar o tanque, fazia um acerto com o motorista dos caminhão e completava com água a gasolina subtraída.
E então, fazendo um trambique aqui, uma armação alí, uma picaretagem acolá, ele conseguiu ser dono de um posto de gasolina.
Um dia ligaram pra ele do banco:
- Senhor fulano (não pretendo citar o nome), estamos ligando para informar que a sua promissória venceu.
- Foi mesmo? admirou-se o cara. Que bom hein? Pelo jeitão dela, eu achava que ela nem chegava a um empate!!
No seu posto havia um cartaz bem grande – NÃO ACEITA-SE CHEQUES –
Além do que, o frentista era orientado para não receber cheque de ninguém – DE NINGUÉM – ele frisava. Isto por que ele passava tantos cheques sem fundo pela cidade, que ele temia que fosse pago na mesma moeda (ou seja - no calote).
Pois bem. Um dia um cara abasteceu o carro e na hora de pagar, o cara apresentou ao frentista um cheque do próprio dono do posto (nosso amigo trambiqueiro), dizendo:
- Eu sei que você não aceita cheque, mas este daqui é garantido, pois é do seu patrão.
Com isto, convenceu o frentista que aceitou o cheque. Ao apresentar ao dono do posto o cheque recebido, este passou a maior bronca no coitado do frentista:
- Seu sacana, quantas vezes eu tenho que lhe dizer que você não pode aceitar cheques de ninguém??
- Mas patrão, o cheque é do senhor, não reparou?? justificou o frentista.
- Principalmente os meus você não deve aceitar!!!!
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
ULISSES E DALILA
Uma vez marcamos para sair com umas meninas e o ponto de encontro foi no Teatro Castro Alves, elas moravam no Garcia. Eu não conhecia nenhuma delas, pois quem marcou o encontro foi Gracílio, um amigo que morava no Campo Grande.
8 e meia da noite, passamos na porta do Teatro e estavam lá, umas três meninas. Gracílio então, fez as apresentações:
- Este aqui é meu amigo Ulisses e esta aqui...
- Ulisses? Interrompeu uma das meninas. Seu nome é Ulisses?
- Sim, confirmei. Por que?
- Porque eu queria tanto ser sua Dalila! (oferecida ela, não??)
Putz, essa foi um chute nos quibas! Se pelo menos a garota valesse a pena, eu bem que podia passar por cima das trapalhadas mitológicas (Dalila era mulher de Sansão), mas infelizmente a figura era campeã de natação: NADA de peito, NADA de bunda e ainda por cima, NADA de cabeça. Não deu para encarar.
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
ACIDENTE EM ITAPARICA
Itaparica – início dos anos 70. Um velhinho vinha, lá pelas onze e meia da noite, maior breu, dirigindo sua Vemaguete pela rodovia que liga Bom Despacho a Mar Grande.
Ele tinha tomado umas cervejas, e lá pelas tantas, ou por que perdeu a direção, ou porque cochilou, ou porque tava biritado mesmo, o carro saiu da estrada e rolou pela ribanceira que tinha uns 5 metros de altura. A peruinha capotou, ficando com as quatro rodas pra cima, com o velhinho preso nas ferragens, de cabeça para baixo, a clavícula quebrada, um corte feio na testa e diversas escoriações pelo corpo. Gritou e gritou por socorro mas ninguém atendia.
Meia hora depois, parou um taxeiro e desceu a ribanceira.
- Quanto você vai me pagar pra eu tirar você daí???
- Coméquié? admirou-se o velhinho. Lhe pagar?
- Isso mesmo que você ouviu. Quanto é que vai rolar pra eu tirar você daí?
- Eu lhe pago 20, falou o velhinho.
- 20 é pouco, respondeu o taxeiro. Quero 100.
- 100 eu não lhe pago, é muito, disse o velhinho.
- Então se lasque sozinho, falou o taxeiro. E se picou, largando o velhinho lá.
Pelamordideus, até onde vai a filhadaputice humana!! O velhinho penou ainda por mais uma hora, até passar alguém menos filhodaputa que o libertou.
No outro dia o velhinho encontrou com a gente e pediu pra nós irmos lá tirar o carro da ribanceira. Eu e Duda fomos lá com a Pick-up F100, desviramos o carro e rebocamos até Gameleira.
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
A CONSTRUÇÃO DO MAR DE SALVADOR
Nascido em Jequié no interior da Bahia, só conhecí o mar depois de ter feito uns oito anos de idade.
Me lembro uma vez, quando eu só tinha uns 6 anos, que a empregada da vizinha veio contar pra mim e minhas irmãs que ela já tinha trabalhado na construção do mar de Salvador. Ela falou que trabalhou muito carregando água em baldes para encher o mar, depois carregou areia para fazer a praia e depois carregou sal para fazer a água salgada.
- E quando acabou? perguntamos.
- Quando acabou, tiraram os tapumes e os andaimes, deram uma mão de tinta e o governador veio inaugurar!! foi a resposta.
Isso é que é imaginação!!
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)
O CORONEL PEREIRA
Uma certa cidade do interior da Bahia era dominada pelo Coronel Pereira, figura que além de todas as “qualidades” inerentes aos coronéis, possuía também um ego do tamanho de um trem. Tanto é que no seu aniversário, instituiu a “semana do Coronel Pereira”, onde durante sete dias e sete noites, todas as pessoas da região vinham lhe prestar homenagens, oferecendo presentes e festas para ele, além de incontáveis missas rezadas em seu louvor, convite para almoços e jantares e por aí vai.
Nesta cidade, o delegado foi nomeado para o seu posto por indicação do coronel, (assim como o padre, o juiz, o médico do posto, o cachorro do vigia do cemitério e quaisquer outras “otoridades” ou cargos que tivessem alguma influência).
Pois bem, um dia, no fim das comemorações da “semana do Coronel Pereira”, este chamou o delegado e comentou:
- As comemorações da “semana do Coronel” me deixaram tão satisfeito, que decidí dar anistia a todos os presos da cadeia.
- Mas Coronel, a cadeia está vazia, não tem ninguém preso! retrucou o delegado.
- Então PRENDE alguém, falou o Coronel. Quero aproveitar meu espírito perdoador!
(Fonte/autor: Ulisses Britto Jr)